Tenho um bolso cheio de tudo. Inutilidades, daquela coisita antiga que se guarda e não se sabe bem porquê, de migalhas que ainda restam e custam imenso a deitar fora, a deixar partir, daquele elástico que devia colocar na cabeça para a libertar do peso desnecessário de todas as mechas de cabelo e me fazer pensar no que quer que fosse, só interessava que ao menos pensasse.
Às vezes escondo lá a mão. É naqueles dias em que não tenho vontade de trocar muitas palavras e em que me agradava poder encostar-me a uma parede e deslizar por ela até me poder sentar no chão, mais baixa que o mundo. Desligar-me um bocadinho de mim e absorver as vidas dos outros; fingir que parava o tempo e que só eles viviam.
Também gosto de o ter vazio, a não me incomodar o andar. Claro, já tenho mil e coisas com que me ocupar.
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