Dlim, dlom, dlim, dlom….
Tic, tac, tic, tac….
1, 2, 3, 4…
Sentada, vejo o tempo. Vejo o escorregar de cada segundo, o deslizar da vida…
A entrar pela fresta da janela já fui capaz de vislumbrar um homem alegre, de ânimo leve…
Hoje, a entrar pela fresta dessa mesma janela olho o homem que se fez senhor. É velho e parece-me angustiado…
O silêncio.
De repente, toda a minha mente é preenchida por medo. Compreendi, compreendi o porquê da sua angústia e a mensagem que me vinha transmitir.
- NÃO!
Ele veio fazer contas, contas à vida. À minha vida.
Ele não sabia. Não sabia da luta que eu travava, não sabia dos planos que eu tinha, não sabia do medo que me atormentava.
O mundo não fazia sentido e eu via o senhor a fugir pela janela. Estava a ver a fuga de cada segundo, o afastar da vida…
Nunca ninguém me disse que a partir do momento em que o relógio começa a sua corrida todos querem o mesmo: que ela não termine.
Tenho medo, muito medo.
Parada no tempo, estava no meio de uma sala que de tão vazia e silenciosa que era se tornou naquele momento insuportável. O silêncio, quanto mais inaudível era, mais ensurdecedor se tornava. O espaço, quanto mais de si me dava, menos de si eu queria.
Perdi tempo o tempo todo!
Hoje, todos viviam menos eu. Cansada de estar acordada eu já não vivia, sobrevivia.
Ali, sou mais um rosto que vê passar a vida através de sombras que atravessam paredes surrateira e devastadoramente. Ali, não estou pronta a fazer relatos de uma vida que não vivi.
De sobrevivente, já passei a resistente.
Desprezei o presente, vivi o passado, desejei o imperfeito, sobrevalorizei o condicional, sonhei o pretérito mais-que-perfeito e quis o futuro.
Mas não há futuro. Não há futuro e já nem há tempo para desprezar o presente.
A corrida, essa termin…
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