sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Ao regresso!

As chaves na porta. A mesma palmeira mas cada vez mais alta. A marca deixada pelo pinheiro que desapareceu. A coleira do cão está ali sozinha no chão, por isso deduzo que ande aí a passear.

Se estiver quase na hora de jantar sou capaz de sentir o cheiro à comida da mãe enquanto subo as escadas. Se eles estiverem em casa, consigo ouvi-los cá fora. Se eles ainda estiverem acordados, então aquelas luzes estão a escutar as conversas deles e a apreciarem os seus risos.

A sala desarrumada, o quarto igualmente abafado com roupas que ninguém vestiu. Uma bota deitada e outra quase de pé. Carteira no chão? Mais uma vez! O portátil estrategicamente colocado sobre a mesa, os livros fora da mão em que deviam estar.
O iPod esteve a ser usado, nota-se! E a janela deve ter tido companhia!
Existem mais uns 2 casacos do que tem sido habitual ali pendurados e uma mala encostada a uma parede: aberta, pronta a ser usada (mais uma vez!).

Mas agora estou aqui sozinha, a pensar no quão bom é regressar. Não tenho disto nem destes por lá.
Estou no meu espaço, aquelas fotografias são todas nossas e o livro está no mesmo sítio onde da última vez o deixei. As vozes, a essas conheço-as desde que me lembro. As brincadeiras ainda são a três e as guerras para evitar que ninguém durma sozinho começam logo quando ponho o pé em casa.

Oh mãe já percebi que o papagaio já sabe dizer o meu nome, por obra de quem seria?
Claro pai, também sei que agora me chamas a menina da mamã!
Sim, já sei que agora a mãe está sempre a dizer-vos para deixarem aquelas coisas para mim quando não estou cá seus invejosos!
Oh Manelito não sejas chato!
E Margarida pára agora de falar um bocadinho, já é tão tarde e precisamos de dormir!

Mas não me apetece dormir, achas mesmo que sim? Apetecem-me horas de conversa, noites e noites no meu quarto, sentar-me na minha varanda quando já é escuro e escuro e escuro. Até sinto falta daquele cheiro do café matinal que vocês sabem que eu não adoro!

Sabem-me a tanto estes dias cá em casa! Chegar a meio da semana, mas com metade das pessoas por saber! Andar por onde quero, estar com quem quero... Matar saudades e começar logo a criar outras! Deixar para daqui a uns dias quem não vi...
...

Hm, está mais um papel azul em cima da mesa! Aquilo é o quê? Outro bilhete de ida, porra!

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