sábado, 29 de agosto de 2009

"Verdadeira grandeza"

"...pensei ali parado no pátio, se alguma vez na vida aflorara a grandeza, fora no amor pela mulher com quem casara. Sabia que poucos homens das minhas relações teriam afirmado que se podia atingir a grandeza simplesmente por amar outra pessoa: era demasiado simples, demasiado banal, demasiado uxório, teriam sem dúvida argumentado. Na verdade, raramente ouvira um homem falar de amor; subentendia-se que era um discurso exclusivamente reservado às mulheres e aos poetas. No entanto, eu sabia, ali parado, que tocara, ao amar Etna, em algo de extraordinário em mim mesmo. Era a única ocupação que absorvera todo o meu ser: os meus sentidos, o meu intelecto e as minhas emoções.
Avancei um passo e continuei a andar, mas então estaquei abruptamente, assaltado por um novo e perturbante pensamento. Não seria necessário que esse extraordinário amor fosse correspondido para atingir a verdadeira grandeza?"


Anita Shreve in "Tudo O Que Ele Sempre Quis"


Um trecho do livro que me apanhou desprevenida.





Louie Austen - Hoping

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Imcompreensível

Não há palavras suficientes para exprimir tudo quanto as pessoas nos fazem sentir. Na maior parte das vezes é-nos fácil descrever o que atravessa a pele e fere o coração, mas nem sempre há palavras suficientes. Ou secalhar há. Talvez me pareçam simplesmente parcas na intensidade que transmitem.
"Sensível". "Demasiado sensível". Quantas vezes não ouvi isto nos últimos dias? Quantas? O sofrimento corrói-me, é tão duro e devastador como a verdade. Mas não sei como o explicar porque ainda nem sei dizer o que me foi feito, o que lhe chamar. É provável que não tenha nome. E se for tão provável como incompreensível, então nunca terá nome.
Nunca.



Glen Hansard - Falling Slowly

Acho a música tão bonita. Descobri-a num blog e fiquei com curiosidade de ver o filme cujas imagens figuram neste vídeo. O filme intitula-se "Once" e a música faz parte da sua banda sonora.

Agradecimento

À Joana Freudenthal, Laurinda Alves, Maria José e Sónia Rodrigues,

um profundo obrigada. Um agradecimento em tudo sincero.

Laurinda, foi de uma bondade enorme ter-me respondido a mim. Sim, eu precisava de uma resposta e deu-ma de forma sábia e até calorosa. Aquela frase que me tocou deu-me uma imensa vontade de a abordar e ainda bem que o fiz! Continua a ser difícil, mesmo muito. Aliás, a situação agravou-se ainda mais ontem e parece que a dor não vai ter fim. Mas o "horizonte" vai começar a ganhar forma, eu vou acreditar nisso! Deixei-a fazer parte e é o que a Laurinda faz connosco, também eu já tomei o gosto pelo seu espaço! Mais uma vez, senti-me realmente bem com a sua resposta e apesar de ser uma figura que não é desconhecida do grande público, pareceu-me ser tão acessível! Pessoas assim fazem-nos imensa falta!

Maria obrigada pelo conselho e pela amabilidade que colocou em cada palavra. Fez-me entender que preciso de ser optimista e que tudo depende de mim. E é verdade, a felicidade depende de cada um de nós! Vou aprender a dar valor a mim mesma e adeixar que os que importam me dêem valor também.

A Joana deixou-me enternecida por ter acabado por ler o que havia sido escrito e se ter dirigido a mim de uma forma tão querida. Ficou "aflita" por mim e brindou-me com as palavras com que já antes fora ela brindada e eu agradeço-lhe muito mesmo.

Já a Sónia não se dirigiu propopriamente a mim, mas ao escrever sobre o que eu iniciei e ter demonstrado a sua situação fez-me sentir melhor. Há sempre quem esteja num estado de aflição igual ou superior ao nosso e isso faz-me sentir que se está a conseguir, então eu também consigo! Acabou por me dar força sabe?

Um grande beijinho às quatro. É inacreditável como todas, de mim desconhecidas, chegaram até mim e me fizeram sentir bem por uns momentos. Foi um gesto tão simples, mas com tanto valor! Obrigadada. Um profundo obrigada.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

"Já nem de ar precisas / Só meras brisas raras"

Apetece-me cair. Apetece-me encorajar o passo e agarrar o momento errado.

Não. Ninguém merece, não é assim?




Clã- Sopro do Coração

Sim, o amor é vão
É certo e sabido
Mas então (porque não) porque sopra ao ouvido
O sopro do coração
Se o amor é vão
Mera dor
Mero gozo
Sorvedouro caprichoso

No sopro do coração...
No sopro do coração...

Mas nisto o vento sopra doido
E o que foi do corpo num turbilhão
Sopra doido
E o que foi do corpo alado nas asas do turbilhão
Nisto já nem de ar precisas
Só meras brisas,
Raras
Raras
Raras

Corto em dois limão
Chego ao ouvido
Ao frescor
Ao barulho
Á acidez do mergulho

No sangue do coração
Pulsar em vão
É bem dele
É bem isso
E apesar disso eriça a pele

No sopro do coração...
No sopro do coração...
...

O regresso!

Regressei. Não a mim, mas aqui.
Apesar de me fazer acompanhar todos os dias de papel e caneta confesso que estava com saudades! Este é o meu espaço e agora que voltei a ele, mais devaneios se adivinham.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Raul Solnado ( 1929 - ? )

Devo dizer que o título deste post é originalmente do Bruno Nogueira e aqui reproduzido por mim.
Por fim, quanto a Raul Solnado, nada mais tenho a dizer do que isto: este homem é tão grande!




A récita deste poema por este senhor é grandiosa!

Absence

"Absence is to love what wind is to fire: if it is a small fire the wind will blow it out, but if it is a big fire the wind will cause it to spread."*

Diane Von Furstenberg



Há dias em que a certeza de se ter vivido um grande amor quase cai por terra. Parece que ter sofrido em guerras e somado vitórias nada se compara ao poder que uma distância exerce. Em tão pouco tempo, esse espaço físico que se avolumou sobre duas pessoas ajudou à quebra dos laços que as uniam. Ou melhor, ajudou e ajuda porque vai adensando tudo quanto o amor não quer.
Mas eu sei, eu sei que os laços são mais do que a forma bonita que ostentam: eles são um nó que não desata e que marca, que prega, que enruga. Os laços, bonitos ou feios, criam-se num nó que permanecerá no tempo, podendo ou não ser reforçado.
"Daqui a vinte anos, quem sabe?" O tempo é dono de si e aquele, o maior inesperado que o acompanha, tem o nome de amor.




*(A ausência é para o amor o que o vento é para o fogo: se for um pequeno fogo o vento irá soprá-lo, mas se for um grande incêndio o vento irá fazer com que se propague.)
Resumo

Não: devagar.
Devagar, porque não sei
Onde quero ir.
Há entre mim e os meus passos
Uma divergência instintiva.
Há entre quem sou e estou
Uma diferença de verbo
Que corresponde à realidade.

Devagar...
Sim, devagar...
Quero pensar no que quer dizer
Este devagar...
Talvez o mundo exterior tenha pressa demais.
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.
Talvez a impressão dos momentos seja muito próxima...

Talvez isso tudo...
Mas o que me preocupa é esta palavra devagar...
O que é que tem que ser devagar?
Se calhar é o universo...
A verdade manda Deus que se diga.
Mas ouviu alguém isso a Deus?

Não.


Álvaro de Campos


Sim, "talvez o mundo exterior tenha pressa demais". Não me queiram a correr mais depressa do que o coração me permite.

Tempos de espera

Uma amiga, a Xi, mandou-me isto:

"Os tempos de espera em que nada acontece ou tudo parece sem sentido, é a vida a dar tempo a que as coisas certas aconteçam na altura certa..."

Laurinda Alves, in Coisas da Vida

Obrigada.

Não, não leves


Tiago Bettencourt- O Jogo

Mais um dia em vão no jogo em que ninguém ganhou
Dá mais cartas, baixa a luz e vem esquecer o amor
És tu quem quer
Sou eu quem não quer ver que o tudo é tão maior
Aqui está frio demais para apostar em mim.

Vê que a noite pode ser tão pouco como nós
Neste quarto o tempo é medo e o medo faz-nos sós
És tu quem quer
Mas eu só sei ver que o tempo já passou e eu fugi
Que aqui está frio demais para me sentir... mas queres ficar?

Tudo o que é meu
É tudo o que eu
Não sei largar

Queres levar
Tudo o que é meu
É tudo o que eu
Não sei largar


Vem rasgar o escuro desta chuva que sujou!
Vem que a água vai lavar o que me dói!
Vem que nem o último a cair vai perder.

Tudo o que é meu
É tudo o que eu
Não sei largar

Queres levar
Tudo o que é meu
É tudo o que eu
Não sei largar


Vem rasgar o escuro desta chuva que sujou!
Vem que a água vai lavar o que me dói!
Vem que nem o último a cair vai perder.



Linda.
E foi o dia do fim.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Amor, dor, amor, dor...

Tenho medo, tanto medo.
Eu queria este dia, estou a desejá-lo há tanto tempo!
Já lá vão 14 dias. Foi a última vez que te vi. Se um dia alguém me dissesse que tudo chegaria ao ponto em que está, eu rir-me-ia. Afinal, nunca imaginei nada disto.
E se o dia que eu ando a desejar seja o dia do fim? Se for a última vez em que posso falar de nós? Se for o último dia em que te vou poder amar? E se for a primeira vez que te permitirás, por fim, deixar de me amar? E se for a primeira vez que eu entenderei que realmente acabou?
E se o dia da esperança é o dia do fim?
Estou sozinha, não há ninguém que possa olhar o horizonte da mesma maneira que eu. Ninguém me pode acompanhar, ninguém pode sentir.

Hoje, já lá vão 33 dias desde aquele em que foste, pela última vez, o meu amor.

Voltas?