quinta-feira, 22 de julho de 2010

Morto sem morte

"Só estando mortos assistimos, e nem disso podemos estar certos, morto sou eu (...) e contudo não me sinto como se apenas assistisse (...) o pior, porque é irremediável definitivamente, é o gesto que não fiz, a palavra que não disse (...) Não há sossego no mundo, nem para os mortos nem para os vivos (...) os vivos ainda têm tempo para dizerem a palavra, para fazerem o gesto (...) morre-se de a não ter dito, morre-se de o não ter feito, é disso que se morre, não de doença."

JOSÉ SARAMAGO, in "O Ano da Morte de Ricardo Reis"

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