Foram segundos mortais, daqueles que enchem o tempo. Não sei o que foi para eles, sei apenas que se olhavam como quem olha para o que perdeu e o que nunca foi. Mais ainda, pareciam olhar-se o mais que podiam para conhecerem o que restou depois do adeus. E depois disso ainda se olhavam. Estavam ambos a percorrer e a antecipar todos os segundos em que não o iam voltar a fazer, como se fosse esta a única forma de estarem juntos, mesmo que o não quisessem. Encontravam-se nestes olhares, encontros que nunca marcavam com antecedência e eram imprevisíveis por todas as razões. Neles duas vidas se cruzam e a história não se perde, revive-se. Não descobri se significava conforto ou dor, não lhes perguntei. Porque não os dois? É uma ambiguidade que se permitia presente ali.
Tenho a certeza que estavam a contemplar a mesma coisa, mas nem eles pareciam saber o quê.
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