domingo, 21 de fevereiro de 2010

A chuva caía como que sendo uma premonição do dia que estava a nascer. Mas mesmo antes disso, foi difícil convencer o sono de que tinha que me vir apanhar à zona dos resistentes, porque eu estava incapaz de me deslocar até ele. Acabou por não vir, talvez por causa de um engarrafamento de gente que quis sair à rua a altas horas da noite. Enfim, tive eu que o encontrar, já perdida nas horas e agarrada a um medo que me tinha crescido fazia um dia. O medo não mingava, devia ter uns bons genes porque se acentuava de clique em clique, palavra a palavra e até à estranha falta delas. Dormi sem dormir.

Com o aclarar da rua, lá se foram os outros levantando e eu ali, sem querer mexer-me. Enrolei-me no meu medo, nos cobertores, no calor que fingia reconfortar-me. A minha cabeça fartou-se e quis fugir desse conforto, talvez na esperança de me acordar de vez. Ainda não, nem assim. Deixei-me adormecer quase por uma hora, a única tranquila. Como é que eu sabia que seria a última?

Os olhos abriram-se, encolhidos. Quieta, a olhar o tecto, lá fiquei mais uns 13 minutos. Revivi e antevi. Pus duas mil hipóteses, inventei quase tantas reacções. Previsões do meu estado é que apenas surgiu uma.

O estado deixou de ser uma previsão.

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