Estou a tocar nele, a passar-lhe os dedos e a dobrá-lo, porque este deixava e não era como os outros, dizias tu. Está a distrair-me do que me devia manter atenta, mas não quero saber.
Estou a afastá-lo, quase a dar-te espaço. Quase. Não te entusiasmes. Já não terás mais desse espaço.
Vou voltar a dar-lhe o lugar correcto, mas estava a eriçar-me a pele. Ainda está. Arrepia-me. Calafrios perdidos na falta de vontade que cavalga o dia.
Não consigo parar de deslizar a ponta dos dedos sobre a linha que o delineia. As palavras ocupam-me a mão direita, mas a esquerda insiste em ir buscá-lo.
Vou largá-lo, não facilmente, porque é algo que está a ser premeditado desde que comecei a escrever estas linhas. Quase cheira a ti, de tão perto que sempre te deixei estar. De tantas vezes que o olhavas. Das palavras que lhe colocaste em cima. De dias em que foste tu a segurá-lo por entre os dedos.
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