Nunca me ensinaste de que cor se pinta a memória. Como é?
A memória é uma coisa, o pigmento é outra. O pigmento aplica-se no estado líquido e a memória surge num estado nostálgico.
A memória e a cor são uma mistura heterogénea. E são principalmente os pretos e brancos que se incorporam e lhe assaltam a textura.
Ensina-me a pintar. Sabes colorir?
Eu conheço as técnicas, poucas, para criar matizes. Vivenciei a profundidade e prensenciei um frio que não quis. E foi assim que comecei a aprender a usar a cor. E o que me encanta, o que é? A pintura figurativa e abstracta, que mais poderia ser?
Eu gosto de pintar a realidade que me é familiar, mas mais com as palavras. É por isso que a minha realidade interna ainda não tem cor.
Sou demorada. Mas vem, anda! Posso-te mostrar os cantos do que é abstracto. Uma representação pictórica pode ser compreendida; não tem regras, não existe um livro de instruções ou ferramentas que apresentem os tons uns aos outros. Antecipam-se os tons pelas afinidades, o que acaba por ser chato.
A memória é uma coisa, o pigmento é outra. O pigmento aplica-se no estado líquido e a memória surge num estado nostálgico.
A memória e a cor são uma mistura heterogénea. E são principalmente os pretos e brancos que se incorporam e lhe assaltam a textura.
Ensina-me a pintar. Sabes colorir?
Eu conheço as técnicas, poucas, para criar matizes. Vivenciei a profundidade e prensenciei um frio que não quis. E foi assim que comecei a aprender a usar a cor. E o que me encanta, o que é? A pintura figurativa e abstracta, que mais poderia ser?
Eu gosto de pintar a realidade que me é familiar, mas mais com as palavras. É por isso que a minha realidade interna ainda não tem cor.
Sou demorada. Mas vem, anda! Posso-te mostrar os cantos do que é abstracto. Uma representação pictórica pode ser compreendida; não tem regras, não existe um livro de instruções ou ferramentas que apresentem os tons uns aos outros. Antecipam-se os tons pelas afinidades, o que acaba por ser chato.
Eu adoro o imprevisível! Está bem, é verdade que sou cautelosa, que tenho medo, que peco por me ficar pela metade. Mas ainda assim!
Ainda assim, prefiro sujar as mãos quando o quadro acaba e misturar o que foi experimentado com aquilo em que nem toquei. A lavagem é complicada, mas as cores que cria são impagáveis!
Agora falando num tom mais sério: ensina-me a pintar. Transmite-me essa sabedoria das matizes perfeitas que uma vez encontraste. Gostava de entrar no desenho que pertence a essa voz pitoresca que escolhe as cores sem que as deixe falar por si. Há que dar conta que as cores abrem, que têm uma palavra que não se cala com a saturação. Esclarece-me sobre como planeias trabalhar em estúdio nessa representação visual do concreto, porque do abstracto quem tem as honras sou eu.
Abandona a natureza morta, que dessa visão já o Outono é dono.
Tenho a sensação de te invejar o suporte. Quando o desequilíbrio entre as cores dos preenchimentos aumenta, foco-me na tonalidade que deste à vida e inspiro-me. É assim que me encontro nos caminhos que conduzem ao aglutinante que me ajuda na matéria do contraste.
Perdoa-me não gostar de uma coisa: essas tuas experiências a carvão. Esses espaços em branco que crias durante o traço denotam a tua imprecisão. Precisas de dominar melhor essa arte difícil que é perpetuar a linha. A cor também não parece favorecer as figuras, nunca evolui. Sobre ela parece simplesmente recair o decréscimo de força que a acompanha desde o traço quase preto até ao aspecto de marca de água que a reputação não abandona. Questões de luminosidade, dirão os outros. Incapacidade, argumento eu.
Ah, dir-te-ia para desistires das aguarelas também! Usas sempre mais água do que tinta e deduzo que tal seja para diluir, o que me leva a crer que estarás a descolorir.
Mas ensina-me a pintar. Gosto quando iluminas os dias com os teus simples rasgos de cor.
Ainda assim, prefiro sujar as mãos quando o quadro acaba e misturar o que foi experimentado com aquilo em que nem toquei. A lavagem é complicada, mas as cores que cria são impagáveis!
Agora falando num tom mais sério: ensina-me a pintar. Transmite-me essa sabedoria das matizes perfeitas que uma vez encontraste. Gostava de entrar no desenho que pertence a essa voz pitoresca que escolhe as cores sem que as deixe falar por si. Há que dar conta que as cores abrem, que têm uma palavra que não se cala com a saturação. Esclarece-me sobre como planeias trabalhar em estúdio nessa representação visual do concreto, porque do abstracto quem tem as honras sou eu.
Abandona a natureza morta, que dessa visão já o Outono é dono.
Tenho a sensação de te invejar o suporte. Quando o desequilíbrio entre as cores dos preenchimentos aumenta, foco-me na tonalidade que deste à vida e inspiro-me. É assim que me encontro nos caminhos que conduzem ao aglutinante que me ajuda na matéria do contraste.
Perdoa-me não gostar de uma coisa: essas tuas experiências a carvão. Esses espaços em branco que crias durante o traço denotam a tua imprecisão. Precisas de dominar melhor essa arte difícil que é perpetuar a linha. A cor também não parece favorecer as figuras, nunca evolui. Sobre ela parece simplesmente recair o decréscimo de força que a acompanha desde o traço quase preto até ao aspecto de marca de água que a reputação não abandona. Questões de luminosidade, dirão os outros. Incapacidade, argumento eu.
Ah, dir-te-ia para desistires das aguarelas também! Usas sempre mais água do que tinta e deduzo que tal seja para diluir, o que me leva a crer que estarás a descolorir.
Mas ensina-me a pintar. Gosto quando iluminas os dias com os teus simples rasgos de cor.
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