Fundida com as correntes de som das maracas de areia que escorrega dentro desse instrumento de madeira, assim me encontro. Os grãos escorregam sem pretensão, mas... Fugir, pensamos todos.
Um xilofone (nome tão pouco poético para um instrumento harmonioso!) toca. Ouve-se uma nota de quando em quando para orientar a hora de partida. Pena, às vezes as últimas areias não têm tempo.
Numa ampulheta espera-se até ao último segundo para mudar a direcção do enredo. Sabe-se sempre quando vai acabar o tempo real que ainda temos. O problema é que passamos a ter a percepção de que controlamos o tempo, porque o conhecemos. Nas maracas marca-se um tempo diferente do tempo que dizemos ser o tempo real. Porque não o é. O nosso tempo real não se presta a medidas básicas de relógio. Presta-se a mim, a ti, a todos. As maracas que eu me imagino a agitar, não se agitariam tanto como a incredulidade perante a minha falta de ritmo. Digo eu que a percussão é para pessoas diferentes de mim, aquelas que sabem medir o tempo.
No tempo psicológico, o ponteiro não segue leis físicas, obedece-nos. Ou serei só eu a obedecer-lhe a ele? Há regras que eu lhe imponho, outras que... O girar dos ponteiros persegue-me nas voltas rectas dessa esfera que não conhece obstáculos. O meu tempo é a minha sombra. E é longo, sempre mais longo.
Quando eu deixo de conhecer o tempo e me vejo incapaz de o controlar, embarco numa dúvida que hipoteca os meus desejos mais racionais. Pergunto frequentemente, sem obter resposta, pela medida do tempo que se esconde por encruzilhadas que claramente não domino. Nem sei se será por falta de vontade ou por recusa.
Será que é o tempo que se mascara de artifícios matemáticos? Nunca foi boa com algoritmos.
Se o meu tempo se misturasse com esse tempo universal, condensar-se-iam num só que seria perfeito. Mas e se aí eu deixava de ser eu? A minha identidade podia vir a ficar desfeita entre o fuso de dois ou mais países! O jet-lag ia querer atrasar a minha visão, já se si lenta, da vida. Já para não falar das horas a mais e as horas a menos que mudam o tempo real e que, com a minha tamanha sorte, me iam trazer reviravoltas neste marca-passo pessoal.
Se for possivel combinar uma hora de partida para o meu tempo e o tempo do mundo, então o meu relógio está estragado. Ou será o do mundo?
Um xilofone (nome tão pouco poético para um instrumento harmonioso!) toca. Ouve-se uma nota de quando em quando para orientar a hora de partida. Pena, às vezes as últimas areias não têm tempo.
Numa ampulheta espera-se até ao último segundo para mudar a direcção do enredo. Sabe-se sempre quando vai acabar o tempo real que ainda temos. O problema é que passamos a ter a percepção de que controlamos o tempo, porque o conhecemos. Nas maracas marca-se um tempo diferente do tempo que dizemos ser o tempo real. Porque não o é. O nosso tempo real não se presta a medidas básicas de relógio. Presta-se a mim, a ti, a todos. As maracas que eu me imagino a agitar, não se agitariam tanto como a incredulidade perante a minha falta de ritmo. Digo eu que a percussão é para pessoas diferentes de mim, aquelas que sabem medir o tempo.
No tempo psicológico, o ponteiro não segue leis físicas, obedece-nos. Ou serei só eu a obedecer-lhe a ele? Há regras que eu lhe imponho, outras que... O girar dos ponteiros persegue-me nas voltas rectas dessa esfera que não conhece obstáculos. O meu tempo é a minha sombra. E é longo, sempre mais longo.
Quando eu deixo de conhecer o tempo e me vejo incapaz de o controlar, embarco numa dúvida que hipoteca os meus desejos mais racionais. Pergunto frequentemente, sem obter resposta, pela medida do tempo que se esconde por encruzilhadas que claramente não domino. Nem sei se será por falta de vontade ou por recusa.
Será que é o tempo que se mascara de artifícios matemáticos? Nunca foi boa com algoritmos.
Se o meu tempo se misturasse com esse tempo universal, condensar-se-iam num só que seria perfeito. Mas e se aí eu deixava de ser eu? A minha identidade podia vir a ficar desfeita entre o fuso de dois ou mais países! O jet-lag ia querer atrasar a minha visão, já se si lenta, da vida. Já para não falar das horas a mais e as horas a menos que mudam o tempo real e que, com a minha tamanha sorte, me iam trazer reviravoltas neste marca-passo pessoal.
Se for possivel combinar uma hora de partida para o meu tempo e o tempo do mundo, então o meu relógio está estragado. Ou será o do mundo?
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