sexta-feira, 12 de março de 2010

Quando o movimento se torna tão lento quanto a minha vontade de me mover daqueles segundos para outros espaços, quando o grau de transparência das coisas aumenta, quando o meio avança, quando eu páro no centro da cidade frenética.

Quando o sol nasce e quando o sol se põe.

Quando os segundos perdem vida. Quando o tacto perde terreno. Quando o chão treme e a segurança desaparece. Quando a memória falha e os retalhos caem. Quando a distância ocupa lugar. Quando a saudade se senta à mesa.

Quando os olhos nadam, quando ficam fixos naquilo e hesitam. Quando a mente foge para onde o olhar não se dirige. Quando o sentido quinestésico corre para a incerteza. Quando a insegurança é maior do que a minha superfície.

Quando a música me faz sentir. Quando já nada me apela.

Mas sempre que os deixo para trás, acelero o passo e corro para o nada... Sempre que finjo que não estou a ouvir. Sempre que finjo que estou atenta. Sempre que o horizonte tem mais interesse que o activo. Sempre que encosto os pensamentos ao vidro. Sempre que a cabeça toca o chão com o olhar e depois o ergue vazio.

Sempre que o calor diminui. De cada vez que a dor se exprime e o coração se retrai.

Sempre que...

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