sexta-feira, 26 de março de 2010

Eu, fiel a mim.

(Uma modelo no backstage antes de ser apresentada a colecção de Vena Caval, durante a NY Fashion Week)

A voz do passeio da ondulação da água ao galgar a parede inclinada é a banda sonora da minha tarde. Com as nuvens a fugir para longe e o sol a abrir caminho, a tarde vai embelezando o seu corpo.
O ar despenteia-me os cabelos e conduz o meu olhar para o todo o desenho que Belém pintou.
Fiz uma pausa da insanidade diária e não me importo que o tempo me atrase hoje.
Tenho imensas palavras forasteiras a rodear-me e entendo-as a todas. A mim ninguém me recorda pelos traços do rosto - não aqui - e posso continuar as horas que quiser por este sítio plantada, com as raízes a brotar pela sede de intensidade e vivência. O desejo é meu e de mais ninguém e esta liberdade de tomar por meu tudo o que enxergo é tão boa!
Este é o meu refúgio. Ninguém me impede de fugir para aqui. Ninguém me diz que não posso sentar-me e passar uma infinidade de tempo a escrever, a absorver o rio e a conhecer a vida do bando de gaivotas que nunca abandona a zona. Pelo contrário, aqui posso ser eu na minha dimensão mais sincera, mais fiel a mim.