quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O meu Outono

Estarei louca? Desnorteada, asseguro. Louca, ainda equaciono. Quanto de mim me falta encontrar na podridão do que deixei envelhecer no meu Outono? As folhas que encontro na rua envergonham-me. Na minha estação os passos não variam, não caem mais de mim. Não se renasce, não há espaço para inovações pessoais que cedo perdem o brilho. Existem perguntas, uma catapulta que as lança com o tempo mínimo de recarga.
Onde está a mudança gradual das cores? Para onde escorregou a vontade peremptória que ao vento segredei?
O mundo não me aparece com outro tom que não o sépia. Envelheci sem me aperceber e agora lamento os instantes que deixei a secar ao lado do meu rendado vestido branco. Olho para trás e continuo sem saber quando os apanhei. Talvez ainda estejam lá, mas diz a minha consciência, num tom indignado, que não, que já lhes peguei pela mão. Onde está a verdade quando o meu próprio eu acentua o nevoeiro que me rodeia?

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