Ainda que tenhas baixado o remo e me tenhas deixado no nosso barco à deriva, continuo à espera que a tua voz regresse a acompanhar a ondulação que te trará até mim. Neste barco, o do passado, presente mas nunca o do futuro, não posso deixar de te avistar, mesmo que não estejas por perto. Porque sinto a tua vontade, o que resta de mim em ti.
Os homens que se disseram vir para me salvar tinham jeito de piratas. Queriam antes assaltar o amor que ainda tenho, roubar-me aquilo em que ainda acredito. Eles poderiam até oferecer-me a mais bonita dança sob as estrelas ou encontrar o pôr-do-sol mais quente dos trópicos, mas não saberiam que quando deixasse cair a cabeça contra o ombro deles, estaria a pedir que me dessem a mão. Não há quem entenda aquilo de que somos feitos. Não nos conhecem a lógica nem a dor. Os outros não nos vêem como os guerreiros da nossa causa para eles perdida. Perdida no tempo, no espaço. E por muito pouco, nem tu vês.
Porque é que não me vieste buscar?
Com as luzes a acenderem-se sob o pano de fundo que é a noite, emergimos nós e os nossos desejos podres de tristeza. E o vazio prossegue a sua caminhada dentro de cada um de nós. Quando é que me tornei diferente dos demais embriagados de amor? Vejo-os cair noutras vontades, a perderem-se no caminho da esperança e deixarem-se ser encontrados. E eu? Nada. Ninguém parece saber onde quero chegar com cada palavra, onde quero e não quero ir. Só tu. Para sempre tu.
E com a maior das ironias dirijo-me a ti: mas para quê retornares quando já sabes que teríamos um barco feliz? Porque não partir numa busca pelo que desconheces?
Embalada no maior dos amores, cega, pergunto-me se não farás essa busca para que voltes indefinidamente até ao local onde nos deixaste. Vais regressando uma e outra vez, esses diferentes regressos camuflados pelo teu querer. Diz-me: será porque admiras a forma como a tristeza se transforma nos nossos encontros e desencontros?
Os homens que se disseram vir para me salvar tinham jeito de piratas. Queriam antes assaltar o amor que ainda tenho, roubar-me aquilo em que ainda acredito. Eles poderiam até oferecer-me a mais bonita dança sob as estrelas ou encontrar o pôr-do-sol mais quente dos trópicos, mas não saberiam que quando deixasse cair a cabeça contra o ombro deles, estaria a pedir que me dessem a mão. Não há quem entenda aquilo de que somos feitos. Não nos conhecem a lógica nem a dor. Os outros não nos vêem como os guerreiros da nossa causa para eles perdida. Perdida no tempo, no espaço. E por muito pouco, nem tu vês.
Porque é que não me vieste buscar?
Com as luzes a acenderem-se sob o pano de fundo que é a noite, emergimos nós e os nossos desejos podres de tristeza. E o vazio prossegue a sua caminhada dentro de cada um de nós. Quando é que me tornei diferente dos demais embriagados de amor? Vejo-os cair noutras vontades, a perderem-se no caminho da esperança e deixarem-se ser encontrados. E eu? Nada. Ninguém parece saber onde quero chegar com cada palavra, onde quero e não quero ir. Só tu. Para sempre tu.
E com a maior das ironias dirijo-me a ti: mas para quê retornares quando já sabes que teríamos um barco feliz? Porque não partir numa busca pelo que desconheces?
Embalada no maior dos amores, cega, pergunto-me se não farás essa busca para que voltes indefinidamente até ao local onde nos deixaste. Vais regressando uma e outra vez, esses diferentes regressos camuflados pelo teu querer. Diz-me: será porque admiras a forma como a tristeza se transforma nos nossos encontros e desencontros?
DAVID FONSECA - U Know Who I Am
1 comentário:
Adorei...
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