terça-feira, 24 de agosto de 2010

Não preciso entender demais

“Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.”

CLARICE LISPECTOR

2 comentários:

Anónimo disse...

Quanto mais consciente, maior me torno.

Joana Figueiredo Gonçalves disse...

Então que termine o estado de dormência!