"O nosso mundo tão pragmático é também paradoxal. Só por isso se entende que o seu âmago de motivações seja múltiplo e rode em torno, umas vezes de dimensões que consideramos materialistas ou funcionais, outras de um romantismo serôdio e inexplicável.
As histórias de amor fazem parte integrante desse núcleo central de razões que nos fazem mexer. Por mais escamoteadas que sejam na sua real importância, por mais periféricas que queiramos que sejam, o facto incontornável é que a maioria das pessoas, em algum momento da sua vida, faz do seu objeto amoroso a grande unidade de sentido e significação.
É sobre uma relação amorosa que, frequentemente, assentam opções e escolhas de todo o tipo que depois se transformam em trajetórias de vida.
Mas embora as histórias de amor se assemelhem e mobilizem impulsos, emoções e sentimentos idênticos em diferentes pessoas, o facto é que crescem, se desenvolvem e morrem com diferentes estruturas relacionais.
Nuns casos, a ausência, a distância física, que normalmente faz pensar também na distância emocional, de acordo com o velho princípio do "longe da vista, longe do coração", parece ajudar a idealização e facilitar que o Outro permaneça no tempo como um objeto de desejo.
Noutros casos, pelo contrário, a história constrói-se sobre uma presença permanente, uma partilha constante, uma proximidade física que não imagina nem suporta qualquer espécie de ausência.
A presença e a ausência, que por si mesmas não definem sentimentos nem justificam qualidades de afetos, acabam por ser estilos relacionais que, com a continuidade, se transformam em verdadeiros estilos de vida.
Quem se habitua a ter um objeto de amor em fundo sem, contudo, contaminar o quotidiano de pequenas adaptações e cedências, resiste o mais que pode à proximidade que sente como invasão do seu espaço.
Quem faz da partilha e da comunhão de todos os momentos uma forma de amor, não entende o interesse e a ligação de uma relação sem presença.
Às vezes, as histórias de amor fazem-se de ausências, outras vezes, pelo contrário, de presenças. Apenas porque sim."
- ISABEL LEAL, crónica "Longe da Vista"
As histórias de amor fazem parte integrante desse núcleo central de razões que nos fazem mexer. Por mais escamoteadas que sejam na sua real importância, por mais periféricas que queiramos que sejam, o facto incontornável é que a maioria das pessoas, em algum momento da sua vida, faz do seu objeto amoroso a grande unidade de sentido e significação.
É sobre uma relação amorosa que, frequentemente, assentam opções e escolhas de todo o tipo que depois se transformam em trajetórias de vida.
Mas embora as histórias de amor se assemelhem e mobilizem impulsos, emoções e sentimentos idênticos em diferentes pessoas, o facto é que crescem, se desenvolvem e morrem com diferentes estruturas relacionais.
Nuns casos, a ausência, a distância física, que normalmente faz pensar também na distância emocional, de acordo com o velho princípio do "longe da vista, longe do coração", parece ajudar a idealização e facilitar que o Outro permaneça no tempo como um objeto de desejo.
Noutros casos, pelo contrário, a história constrói-se sobre uma presença permanente, uma partilha constante, uma proximidade física que não imagina nem suporta qualquer espécie de ausência.
A presença e a ausência, que por si mesmas não definem sentimentos nem justificam qualidades de afetos, acabam por ser estilos relacionais que, com a continuidade, se transformam em verdadeiros estilos de vida.
Quem se habitua a ter um objeto de amor em fundo sem, contudo, contaminar o quotidiano de pequenas adaptações e cedências, resiste o mais que pode à proximidade que sente como invasão do seu espaço.
Quem faz da partilha e da comunhão de todos os momentos uma forma de amor, não entende o interesse e a ligação de uma relação sem presença.
Às vezes, as histórias de amor fazem-se de ausências, outras vezes, pelo contrário, de presenças. Apenas porque sim."
- ISABEL LEAL, crónica "Longe da Vista"
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