quarta-feira, 12 de maio de 2010

Um pouco de fé

A religião é um assunto acerca do qual não tenho ainda uma opinião formada. Se acredito, não sei em que é.

Tenho críticas à Igreja que provêm de convicções que não abandono e tenho dúvidas pertinentes quanto à história sob a qual a Igreja cresceu.
Ainda assim, consigo respeitar as escolhas quanto à devoção ou não que cada um tem, embora o meu nível de tolerância para com as Testemunhas de Jeová seja diminuto, devido às polémicas questões da recusa que apresentam ao tratamento com sangue que não o do próprio. Anyway. Não foi esse o motivo da minha escrita.

Apesar das minhas dúvidas legítimas, não me nego à fé. E foi a fé que verdadeiramente me impressionou ontem. Na tarde passada dirigi-me até ao Terreiro do Paço para assistir à missa celebrada pelo Santo Padre. Eu própria tive vontade de assistir, queria muito ir e lá fui. Fiquei literalmente arrepiada com a quantidade de gente que se deslocou ao local por uma questão de devoção. Havia dezenas de milhares de cidadãos das mais diversas partes do mundo ali, acreditem. E tudo por causa da crença numa divindade que nos será supostamente superior e a qual nem sequer se pode provar que existe.
Pergunto-me: o que é que os levou até lá?, a mim até?. Não tenho forma de explicar.

No momento da oração lembrei-me de todos aqueles com quem não consigo evitar deixar de me preocupar e de outros cujos rostos desconheço mas que precisam de alguém que reze por eles. Recordei o meu avô.
Ouviste avô? Tentei acordar-te e dizer que não me esqueci de ti. Tenho tantas saudades. Chorei porque sinto a tua falta. Porque não tive tempo suficiente para te mostrar que gostava muito de ti. Já não posso brincar contigo. É-me impossível sentar na cadeira junto à lareira, na tua frente, e rir-me do que tu dizias e tu das parvoices que eu também conseguia elaborar. Deixaste de ter alguém que estivesse sempre a perguntar-te se o calor das chamas não era demais para ti. Já ninguém te lembra de onde deixaste a bengala. Não podemos dar-te o braço e segurar a porta para ti. Só podemos recordar-te e continuar a falar de quem tu foste.
Pedi que estivesses bem e que não te tivesse doído a partida.
Senti-me mais perto de ti avô, mas estás tão longe. Tudo me soube a perda.
Avô, continuamos todos a gostar muito de ti.
Um beijo enrolado num abraço, como me costumavas dar.

3 comentários:

Pedro disse...

:) (sem palavras, portanto)

Helena disse...

Que bonito :)

Joana Figueiredo Gonçalves disse...

muito obrigada (: