segunda-feira, 17 de maio de 2010

Três e a chave atravessada?

Quanto de fechada tem uma porta fechada?
Uma mão bate-a repleta de força, a outra queda-se à altura da cintura, paralisada porque indecisa. Do outro lado um rosto inexpresso e um olhar assumidamente vago pelo sucedido, as pernas dormentes e os braços estendidos ao longo do corpo, esquecendo de como se utiliza a energia.
A porta fecha-se porque encaixa num contorno confortável. Se se abre precisa de bem mais esforço para se manter segura.
Nós somos assim. Podemos deixar que a linha se encerre ou deixá-la suspensa, livre para construir um círculo. Aí ela dobra sobre si mesma, a rigidez deprime e bebe menos da força. Mas a dificuldade aumenta por outras propriedades.
Um círculo é um livro aberto. Pertence a uma geometria agradável que quase ninguém rejeita apreender.
As portas têm fechaduras. A chave está-lhes guardada, perfeita.
Abre, tranca. Uma tranca, duas trancas, três trancas, quatro trancas.
Faz-se o que se quer. O nível de segurança que se dá é mensurável. Para os mais cautelosos costumam ser quatro, o lugar das coisas ficou atrás da porta. Para os expectantes será a chave na porta só para que não se lhes chame estúpidos. Para os indecisos depende: três e a chave atravessada se se quer tanto o quadrado mas ainda se idealiza o círculo, sem porquê; duas trancas para quem realmente não sabe o que quer. Para quem começa a pensar na mudança será apenas uma.
Há tantas formas de se fechar uma porta. E há outras tantas de a abrir.
Conhecem a forma de se abrir a porta? É no sentido oposto ao de fechar. O caminho de regresso pode adjectivar-se de distinto, portanto. Quem quer entrar por onde saiu precisa de se reinventar porque sai de rastos e entra em pontas. Não se descansa: o tempo aproveitou-se em ensaios. Trabalham-se extensões, aperfeiçoa-se a técnica, exige-se a execução melhorada de antigos movimentos e aventuramo-nos noutros novos.
Tudo isto acerca de uma porta? Claro! É que uma porta permite demais. Deixa a desejar demais.

2 comentários:

Pedro Pereira disse...

bem, este está, para mim, no grupo dos melhores posts de sempre do blog!
parabéns

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.