quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Uma força anímica tomou-lhe conta do corpo. Sendo patologicamente alérgica à dor, tudo nela bulia quando nesse estado de letargia. Revolvem-se correntes, sentem-se palpitações fora de tempo e uma contracção de vontades enlaçadas num nó que não se ata nem desata. Não se prescreve rigorosamente nada, dizem os sábios - anciães não reconhecidos - que o anti-histamínico, a existir, estaria no recôndito tempo. Que o tempo ameniza, que os segundos vagarosos acalmam a febre de quem engole sapos. Muito longe disso se encontra a crença de quem padece de tal alergia. Os olhos mingam de tão massacrados, o vermelho atiça-se-lhes sobre a cor original. O corpo recolhe-se à postura embrionária, fugindo à frente de combate sobre o inimigo que se ergue e ergue e ergue e impera por pele alheia. Articulações rígidas são fraqueza imediata. E os segundos passam, os dias vão aparecendo sob a forma de um hoje, de um amanhã, de um «já se passaram tantos meses».

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