domingo, 10 de novembro de 2013

"Não precisas de esperar mais à janela. Estou a ir", pensou ele

- Ter-lhe-ia dito se justificasse, se a desilusão não fosse consumi-la com a rapidez com que fumo o cigarro. Sempre que fumo à janela fico a imaginá-la. Mas ainda não sei que palavras diria ela. Às vezes fala em silêncio.

Pegou no maço e tirou os últimos cigarros.

- Queres? Passa-me o isqueiro por favor.

Acende o cigarro e observa-a. Repara como a alça lhe cai sobre o braço. Ia pegar-lhe quando aquele ombro subido, a acariciar a própria face, o deteve. Lembrava-lhe alguém.

- Não te queres vestir?

Ela olhava do outro lado da janela. Observadora, esperou que eles se despedissem. Causou-lhe frio. Os tremores desciam aos joelhos e assaltaram-lhe os ombros, que encolheu. Sem saber bem porquê preferiu sair e esperar à sua janela.

Sem comentários: