quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Vidas

Há pessoas daquelas repletas de anos de vida que nos tocam e desde pequena que guardo algumas com especial carinho.
Uma dessas pessoas partiu no fim do Verão. Desde criança me tratou como a Joaninha dos olhos doces, ainda agora era assim que me tratava!
Quando soube o que lhe tinha acontecido mal queria acreditar...

Mais recentemente, outra dessas pessoas adoeceu gravemente. Foi tão repentino. Quando a recuperação começou um mal ainda pior aconteceu. Devastou-o e a mim deixou-me incrédula. Já não bastava o que lhe estava a acontecer e ainda precisou de perder a companhia de toda uma vida... Quando finalmente o vi ontem, fiquei tão transtornada que não consegui conter as lágrimas mais rebeldes que em mim tinha e que já tinham escapado quando ouvi a sua voz ao telefone.
Mas então quando finalmente o vi deu-me um abraço forte e disse "Eu gosto muito de ti Joaninha! Ouviste? Gosto muito de ti!". Custou-me tanto... Ao mesmo tempo que sentia os braços à minha volta num abraço sentido e carinhoso, senti a dor que tomava conta dele e o nó que me apertava a barriga.

A única coisa que lhe mostrei desde criança foi o respeito e carinho que nutria por ele e no entanto, aquele abraço parecia agradecer toda a presença que eu nunca consegui assegurar...

Fico a pensar no que estará a passar, na cabeça que nunca lhe pára, no corpo débil que preferia mais saúde do que o tempo lhe concede, na perda que o devora, no vazio que o preenche...
Fico preocupada...
Gostava de estar mais perto...
Gostava de poder acreditar quando lhe disse que tudo ia ficar bem.

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